Diálogo entre territórios: iniciativa conecta juventudes pela conservação da Amazônia

Publicado em: 23 de maio de 2025


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Crédito: João Cunha

Iniciativa promovida pelo Instituto Mamirauá reuniu jovens do Pará, Amapá e Amazonas em uma semana de troca de saberes, fortalecimento de redes e conexão entre territórios amazônicos. 

Entre os dias 7 e 14 de maio, o Instituto Mamirauá recebeu representantes da Rede Cuíras da Rede Mães do Mangue, vindos de regiões costeiras do estado do Pará, para um intercâmbio de experiências socioambientais, que reuniu também a Associação Sementes do Araguari. A iniciativa faz parte dos projetos Entre Águas Amazônicas e Sustenta Mangue, e proporcionou uma imersão nas vivências, desafios, oportunidades e saberes das juventudes amazônicas em diferentes contextos territoriais e culturais. 

Durante a semana, os participantes visitaram comunidades ribeirinhas, aldeias indígenas do Médio Solimões e participaram de oficinas comunitárias, rodas de conversa e atividades de campo. Um dos momentos mais marcantes foi a visita à comunidade Bom Jardim, no setor Cubuá, que estava vivendo um processo de formação em organização comunitária. Esta oficina mobilizou as comunidades do setor, com destaque para a juventude local. 

Outro ponto alto foi a visita à Terra Indígena Barreira da Missão, onde os jovens paraenses foram recebidos por juventudes das etnias Kokama, Kambeba, Ticuna e Miranha em um encontro marcado pela escuta mútua e pela troca de saberes ancestrais e estratégias contemporâneas de resistência. 

“Essa visita foi realmente muito importante, eu estou extremamente encantada com o Amazonas”, afirma Núbia Cristina, liderança jovem na Reserva Extrativista (Resex) Marinha Mestre Lucindo, em Marapanim (PA), e uma das participantes do intercâmbio. “É um território totalmente diferente do nosso, mas muito rico. A gente vê que as lutas pelas quais a gente luta na Rede Cuíras são as mesmas daqui. Lutas por igualdade, preservação, políticas públicas que possam chegar nas comunidades.” 

Visita à sede do Instituto Mamirauá e mesa sobre juventude e clima 

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Crédito: João Cunha

Na segunda-feira (12), os jovens visitaram a sede do Instituto Mamirauá, em Tefé, onde puderam conhecer de perto os projetos e ações desenvolvidos na área de pesquisa e desenvolvimento socioambiental. A visita permitiu um contato direto com a estrutura técnica do Instituto e suas frentes de atuação junto a comunidades tradicionais da Amazônia. 

Durante a programação, foi realizada uma mesa redonda sobre mobilização climática e os desafios enfrentados pelas juventudes amazônicas, reunindo pesquisadores e jovens do Pará, Amapá e Amazonas. A troca foi profunda e inspiradora, reforçando o papel central da juventude na luta por justiça climática e preservação dos territórios. 

Sandro Regatieri, coordenador do Centro Vocacional Tecnológico (CVT) do Instituto Mamirauá, reforçou a importância dessa conexão direta entre os jovens e os territórios: 

“A importância desse intercâmbio entre os jovens que vieram do litoral paraense, da região do Salgado e da ilha do Marajó, é fazer essa troca de experiências, conhecer a realidade, conhecer o Instituto Mamirauá para que esses jovens possam ter esse contato com a equipe do Instituto aqui in loco, em Tefé, facilitando as ações que vão ser realizadas através dos projetos Entre Águas Amazônicas e Sustenta Mangue.” 

Segundo Regatieri, os jovens participaram de uma oficina colaborativa de construção de um plano de ação, voltado tanto para as juventudes do Pará e Amapá quanto para aquelas do Médio Solimões, fortalecendo a perspectiva de ações conjuntas: 

“Hoje nós estamos realizando uma oficina de construção de um plano de ação — de ações que o Instituto Mamirauá pode realizar com eles no Pará, mas também com jovens aqui da região. É um processo construtivo, de intercâmbio, de facilitação de saberes e desenvolvimento de capacidades de uma maneira muito rica e interessante.” 

Consolidando parcerias e semeando oportunidades 

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Crédito: João Cunha

Além das vivências e diálogos, o intercâmbio serviu como espaço para consolidação de parcerias entre redes, comunidades e instituições, como destacou Mailton Santos, presidente da Associação das Reservas de Ativistas Marinhas Chocoaré-Mato Grosso. Em sua fala, ele anunciou o envio de jovens da Rede Cuíras para formação no CVT do Instituto Mamirauá: 

“Estamos afinando uma relação de longo prazo com o Instituto Mamirauá, preparando a juventude para assumir um papel central nos processos de transformação social e ambiental. Essa é uma oportunidade de formação pensada com e para os povos da Amazônia”, afirma. 

Projetos que tornam esse intercâmbio possível 

O intercâmbio integra os projetos Entre Águas Amazônicas e Sustenta Mangue, ambos desenvolvidos pelo Instituto Mamirauá e parceiros. O primeiro atua em mais de 4,8 milhões de hectares nos estados do Amazonas, Pará e Amapá, com foco na gestão participativa dos recursos naturais, fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis e valorização da biodiversidade.  

Entre Águas Amazônicas conta o financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), execução do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e tem como agência a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).   

Já o Sustenta Mangue, com atuação na costa do Pará, busca garantir um futuro sustentável para os manguezais amazônicos por meio de capacitações técnicas, fortalecimento da governança local e monitoramento da biodiversidade. 

O projeto Sustenta Mangue é financiado pela Fundação Gordon e Betty Moore. 

“Foi interessante essa troca. Vieram dez pessoas do Pará e do Amapá e elas estão tendo essa interação real, visitando comunidades, conversando com jovens que participaram do processo educativo do CVT. Acreditamos que isso pode desencadear processos muito mais construtivos”, concluiu Sandro Regatieri. 

“Os meus dias aqui em Tefé foram bem proveitosos, conhecemos várias comunidades tradicionais e aprendemos muito com elas, a partir dessas trocas culturais. Essa experiência me mostrou o quanto é importante conservar as culturas locais, levar essa devolutiva para o meu território vai ser de grande importância”, considera Venélope Penante, moradora da Reserva Extrativista (Resex) Marinha de Soure, na Ilha do Marajó (PA).ProgramasNotíciasPesquisaProjetosPublicações

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